ATA DA VIGÉSIMA QUARTA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 10.10.1995.
Aos dez dias
do mês de outubro do ano de mil novecentos e noventa e cinco reuniu-se, no
Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto
Alegre. Às quinze horas e vinte e três minutos, constatada a existência de
"quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da
presente Sessão, destinada a assinalar os 110 anos do Colégio Americano, de
acordo com o Requerimento nº 106/95 (Processo nº 980/95), de autoria do
Vereador Edi Morelli e aprovado pelo Plenário. Compuseram a Mesa: Vereador
Airto Ferronato, Presidente desta Casa, Senhora Iara Wortmann, Secretária da
Educação, representando o Senhor Governador do Estado, Professora Eliane Thais
Carvalho da Silva, Diretora do Colégio Americano, Bispo Stanley da Silva
Moraes, Professora Alba Salgado Belotto, Diretora Geral do Instituto Metodista
de Educação e Cultura, Senhor Loreno Leonel Tonin, Presidente do Conselho
Diretor, Coronel Irani Flores da Siqueira, representando o Comando Militar do
Sul, Professora Anelise Lara Lopes, representando o Ministério da Educação e
Cultura, Senhor Carlos Alberto Manoel, Sub-Secretário de Desporto do Estado. E
como extensão da Mesa, o Senhor Presidente registrou as presenças do Senhor
Algídio Corbes, Diretor do Colégio Anchieta, Professor José Gomes de Campos,
ex-Reitor do Instituto Porto Alegre e ex-professor do Colégio Americano,
Senhora Carolina Fulker, Diretora da Federação das Faculdades Metodistas do
Sul, Senhor Luiz Carlos Giondar, Presidente da Associação de Pais e Mestres do
Colégio Americano, Senhora Maria Magali Santos, Presidente da Associação dos
Professores do Colégio Americano, Pastora Elsa Zencker, Senhor Zélio Lubianca,
Vice-Presidente da Associação dos ex-Alunos do Instituto Porto Alegre, Senhor
Pedro Paulo Campos, Presidente da Associação dos ex-Alunos do Instituto Porto
Alegre, Senhor João Paulo, Vice-Presidente do Conselho Diretor do Instituto
Porto Alegre e do Ministério da Educação e Cultura, Professor Hanziler, Diretor
do Colégio Farroupilha, Professora Beatriz Sassen, Diretora do Conservatório de
Música, Senhor Bruno, representando o Sindicato das Escolas Particulares do
Estado e a Professora Lorena Guimarães, Diretora Administrativa do Colégio
Americano. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé,
acompanharem a execução do Hino Nacional através dos alunos do Conservatório de
Música Léo Schneider e regência da Maestrina Beatriz Sassen. Após, o Senhor
Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O
Vereador Edi Morelli, em nome das Bancadas do PTB, PMDB, PP, PPS e PSDB,
destacou as atividades desenvolvidas pelo Colégio Americano, relembrando fatos
históricos e personalidades daquela Instituição. O Vereador Nereu D'Ávila, em
nome da Bancada do PDT, reportou-se às origens do Colégio Americano e da Igreja
Metodista, sua Mantenedora, dizendo que esse, mais do que uma proposta
pedagógica, buscou a verdadeira dimensão da personalidade humana. O Vereador
Henrique Fontana, em nome da Bancada do PT, fez reflexão sobre a crise de
credibilidade das representações políticas, analisou a situação atual da
educação no Brasil e elogiou o trabalho que o Colégio Americano vem realizando
em benefício da nossa sociedade. O Vereador João Dib, em nome da Bancada do
PPR, referiu-se a Carmem Chacon, considerando-a atual, assim como a frase
"educar é ensinar a viver", salientou, também, as diversas etapas do
Colégio Americano em nossa Capital. O Vereador Reginaldo Pujol, em nome da
Bancada do PFL, recordou passagens de sua adolescência como aluno do Instituto
União, também da Igreja Metodista, em Uruguaiana, dizendo que o Colégio
Americano merece, no contexto da Cidade, um lugar muito especial pelo que
produz para a sociedade portoalegrense. A seguir, o Senhor Presidente concedeu
a palavra às Professoras Alba Salgado Belotto e Eliane Thais Carvalho da Silva,
que se manifestaram acerca da presente homenagem. Após, foram executadas
músicas pelos alunos do Conservatório Léo Schneider, apresentando como
conclusão o Hino do Colégio Americano. Às dezesseis horas e quarenta e cinco
minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os
trabalhos, agradecendo a presença de todos e convidando os Senhores Vereadores
para a Sessão Solene das dezessete horas. Os trabalhos foram presididos pelos
Vereadores Airto Ferronato e Edi Morelli e Secretariados pelo Vereador Edi
Morelli, Secretário "ad hoc". Do que eu, Edi Morelli, Secretário
"ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após
distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e
Presidente.
(Obs.: A Ata digitada nos Anais é cópia fiel do documento original.)
O SR. PRESIDENTE (Airto
Ferronato):
Damos por abertos os trabalhos da Sessão Solene destinada a homenagear os 110
anos do Colégio Americano, conforme Requerimento nº 106/95, de autoria do Ver.
Edi Morelli:
Antes de chamarmos os componentes da Mesa, informamos que a Secretária
Iara Wortmann, que está representando o Sr. Governador do Estado, está em uma
reunião nesta Casa, na Comissão de Educação e Cultura, e logo que se desocupar
virá para esta Sessão.
Convidamos para fazer parte da Mesa: a Sra. Diretora do Colégio
Americano, Profa Eliane Thais Carvalho da Silva; Bispo Stanley da Silva Moraes;
Sra. Diretora Geral do Instituto Metodista de Educação e Cultura, Profa. Alba
Salgado Belotto; Presidente do Conselho Diretor, Dr. Loreno Leonel Tonin; Cel.
Irani Flores da Siqueira, representando o Comando Militar do Sul; Profa Anelise
Lara Lopes, representando o MEC.
Convido a todos para que, em pé, ouçamos o Hino Nacional.
(Executa-se o Hino Nacional.)
Senhoras e Senhores, esta Sessão Solene é de iniciativa do Ver. Edi
Morelli, que apresentou um processo e a Câmara Municipal de Porto Alegre, por
unanimidade dos Srs. Vereadores, aprovou para que, na tarde de hoje, se proceda
a esta Sessão comemorativa aos 110 anos do Instituto Metodista de Educação e
Cultura, o nosso Colégio Americano.
A semente lançada ao solo pelo Rev. João Correa e a Profa. Carmem
Chacon, enviados a Porto Alegre pela Igreja Metodista de Montevidéu em 1885,
frutificou, transformou-se num exemplo de instituição de ensino. No campo da
orientação educacional, o Colégio Americano sempre ocupou uma posição de
vanguarda. Procurando inserir seus mil, setecentos e quatro alunos à realidade
social do País, o Colégio Americano tem buscado uma formação integral para seus
jovens, despertando-lhes o interesse pelos problemas e exigências da vida
moderna. Unindo educação à cultura, o Colégio Americano regozija-se de seu
Conservatório de Música - com aulas de piano, canto, flauta doce, órgão,
violino, violão, teclado -, fundado em 1945 pelo Maestro Léo Wilhelm Schneider,
de saudosa lembrança para todos.
Numa época em que o País sofre as conseqüências do descaso com que a
educação foi tratada ao longo de muitos anos, a Câmara Municipal de Porto
Alegre homenageia o Colégio Americano pelos relevantes serviços que vem
prestando ao ensino na Capital do Estado no decorrer desses 110 anos de
existência.
Queremos cumprimentar a Direção do Colégio, seus professores, seus
alunos, os pais dos nossos alunos e todos os funcionários pelo transcurso de
tão expressiva data para todos nós. Gostaria de registrar brevemente que,
enquanto Presidente da Câmara, tenho tido a satisfação de receber com uma
freqüência bastante grande a presença de professores, da Direção, de pais e
mães do Colégio Americano, que aqui têm trazido suas propostas, buscando
alternativas, têm comparecido com muita freqüência às nossas Sessões de
quintas-feiras pela manhã, onde se desenvolve, na Câmara, uma Sessão do
estudante, onde alunos de I e II graus vêm aqui e expõem as suas posições,
discutem suas idéias.
O Colégio Americano, para nós, é exemplo de como a sociedade deve
conviver junto com as nossas casas políticas, porque é exatamente aqui que se
discutem os grandes temas de Porto Alegre e é exatamente aqui que o Colégio
Americano tem vindo com uma freqüência muito grande trazer as suas preocupações
e as suas discussões.
Em nome da Mesa Diretora da Câmara, em nome de todos os Vereadores, nós
queremos cumprimentar por esta significativa data e também por esta
demonstração de carinho por Porto Alegre que o Colégio tem, eis que, vindo
aqui, demonstra a sua preocupação com as coisas de Porto Alegre. Parabéns a
todos do nosso querido Colégio Americano.
O Ver. Edi Morelli está com a palavra pelas Bancadas do PTB, do PMDB,
do PP, do PPS e do PSDB.
O SR. EDI MORELLI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores.
(Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.)
(Lê.)
"O Brasil é um país decantado por suas riquezas naturais e pelo
espírito de seu povo, hospitaleiro, cordial, dotado de muita dignidade e
esperança. É reconhecida também a sua origem rica, nascida da mistura de várias
raças que forjaram um povo heróico, lutador.
A história do Instituto Metodista de Educação e Cultura e que nós
conhecemos como Colégio Americano, nosso homenageado de hoje pelos seus 110
anos de existência em nossa comunidade, integra, com muita honra, essa história
de nossa gente. Em 1885, a Igreja Metodista de Montevidéu enviou o Rev. João
Correa para Porto Alegre, dando início a uma obra educacional que nos orgulha e
que plantou raízes com sua metodologia de ensino. A professora uruguaia Carmen
Chacon foi a primeira responsável pelo estabelecimento que, em 19 de outubro,
em prédio alugado na Praça General Marques, começou suas atividades
educacionais com apenas três alunos. Em dezembro, doze jovens integravam a
classe de estudantes. O colégio se desenvolveu tanto, que em pouco tempo se fez
necessária a instalação de mais duas unidades. Em 1900, a pedido dos
interessados, a divisão de mulheres da Igreja Episcopal do Sul, nos Estados
Unidos, aceitou a supervisão desse trabalho educacional, enviando um auxílio
importante. Foi a partir daí que surgiu a denominação Colégio Americano, uma
história mesclada de dedicação, de persistência e amor, história que demonstra
uma trajetória de luta pela educação, que é o bem maior que a humanidade pode
deixar para um futuro digno e justo à nossa juventude.
Temos exemplos de que a semente plantada pelo Rev. João Correa e pela
Profa. Carmen Chacon gerou frutos de sabedoria na árvore frondosa da educação e
da cultura. Entre tantos que ali tiveram sua formação, temos nomes como o de
Dona Ione Pacheco Sirotsky, nossa dedicada Presidente da Fundação Maurício
Sirotsky Sobrinho, a atriz Sílvia Pfeiffer, os Jornalistas Andrei Kampf, Sandra
Salgado, Ana Laura Guimarães, Carla Belo e, ainda, Fé Emma Xavier, esposa do
saudoso amigo e ex-Diretor da RBS Roberto Eduardo Xavier. Também pelos bancos
escolares do Colégio Americano passaram Maria Tereza Goulart, Esther Castro e
Tânia Kanan Simon. O nosso tempo não permitiria que aqui listássemos todos os
que ali obtiveram sua formação e que hoje atuam em nossa sociedade de forma
reconhecida publicamente. É uma herança tão grandiosa, que não teríamos
palavras para agradecer tal contribuição.
Com uma árvore tão forte, o início que reuniu apenas três alunos
necessitou desdobrar-se em outras duas unidades: o Colégio Evangélico Número
Dois, na antiga Rua da Ponte, hoje Rua Riachuelo, e o Colégio Evangélico Misto
Número Três, na Rua Ramiro Barcelos. Em 1921, o Colégio Americano mudou-se para
sua sede própria, na Av. Independência. Anos após, com a contribuição de
pessoas como a Sra. Henry Pfeiffer - que chegou a duzentos mil dólares - nascia
a obra da sede do Bairro Petrópolis, com 19.000m2.
Num momento em que nos defrontamos com a queda alarmante da qualidade
do ensino na rede pública, com índices de reprovação que oscilam entre 17 a 80%
e, em alguns casos, chegam até 100%, esta solenidade se reveste ainda mais da
certeza de que é justa e altamente merecida. Uma Nação e um Estado que não
priorizam a educação de suas crianças na verdade estão anulando a cidadania, a
dignidade e a grandeza de seu povo.
Quando temos exemplos edificantes como o do Colégio Americano, cresce a
nossa esperança de mudança da dura realidade que hoje nos asfixia, de que, de
acordo com a UNICEF, no Brasil somente 39% dos alunos completam a quinta série
do I grau. Então, é motivo de orgulho ressaltar a importância e a contribuição
deste estabelecimento de ensino. As estatísticas estão aí a nos demonstrar que,
com os 18% da receita da União destinados à educação, cifra que nos Municípios
sobe para 25%, dinheiro não falta. A escassez, na verdade, é de planejamento
para acabar com a vergonhosa taxa de 20,1% de analfabetismo entre a nossa
população com mais de quinze anos. A irracionalidade do desperdício deveria se
espelhar no exemplo do nosso homenageado de hoje. A realidade da nossa
educação, com certeza, seria outra.
A homenagem aos 110 anos do Colégio Americano não seria completa se não
registrássemos aqui os nossos agradecimentos a personalidades que forjaram com
seu trabalho e dedicação essa história: Miss Mary Sue Brown e Miss Sara Stuart,
que vieram dos Estados Unidos para aqui ficarem e iniciarem a primeira sede
própria de nosso homenageado. A vida desse estabelecimento é tão rica em
personagens de espírito, que nosso tempo seria muito pequeno.
Foi o Colégio Americano o pioneiro no Rio Grande do Sul pela instalação
do setor de nutrição e economia doméstica. Foi o segundo a implantar o Curso de
Secretariado, o Curso de Dietética e o de Formação de Professores Primários. Em
1973, surgiu a idéia de criar um curso superior no Colégio Americano. Com a
exigência de que só um instituto poderia abrigar faculdades, foi criado o
Instituto Metodista de Educação e Cultura, mais um exemplo de que quem quer
contribuir com o crescimento e o desenvolvimento de nossa comunidade não
vacila: age. À iniciativa somaram-se a Faculdade de Fonoaudiologia, englobando
a Faculdade de Saúde do Instituto Porto Alegre - IPA, com Educação Física,
Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Com o lema ‘educar para ensinar a viver’, o
nosso querido Colégio Americano tem vivido para engrandecer a sociedade
rio-grandense.
Esta Sessão é também uma homenagem aos pais, alunos, amigos e
professores, ao Dr. Evaristo da Veiga, Dr. Valdemar Belardinelli, Helena
Harmann, Mary Helen Clark, Ruth Anderson, Mary Tweedie, professora que por 55
anos trabalhou neste estabelecimento, Dr. Menna Barreto Costa, Profa. Maria
Minssen Mazocatto, Prof. Heider Cabral Sathler, João do Prado Flores, Vera
Petersen, Eny de Oliveira Badaracco, Eliane Thais Carvalho da Silva, Rev. Otto
Gustavo Otto, Alba Belotto, Maestro Wilhelm Schneider, Zula Terry, Carolina
Reschke Fulcher. A todos a nossa gratidão pelo exemplo de carinho e dedicação à
causa mais nobre de tantas que formaram a nossa vida.
Quero, ao ensejo, prestar uma homenagem especial a Ophelia Pereira
Borges, já falecida, e que foi aluna da primeira turma do Curso Clássico do
Colégio Americano. Após formar-se na UFRGS, em 1941, retornou a esse
estabelecimento de ensino como professora de matemática e história. Esta,
senhora e senhores, é uma homenagem de um sobrinho a uma tia que foi exemplo de
educadora dedicada, o que orgulha a toda a nossa família.
E, ao finalizar, é bom destacar que nunca devemos esquecer que a
juventude é o amanhã da vida, e não um capítulo separado do restante de nossa
existência. Tampouco é apenas um prefácio de um livro; a juventude é a premissa
de tudo, é a semente de onde tudo brota, é o alicerce sobre o qual deve
apoiar-se sempre o grande edifício da vida."
Quero encerrar, Sr. Presidente e Srs. Convidados, agradecendo ao Setor
de Relações Públicas da Casa, a todos os Vereadores que, por unanimidade,
apoiaram essa iniciativa e à Assessoria do meu Gabinete pelo esforço para que
pudéssemos realizar esta homenagem aos 110 anos do Colégio Americano. Muito
obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Convidamos para compor a
Mesa o Dr. Carlos Alberto Manoel, Subsecretário de Desporto do Estado do Rio
Grande do Sul. Como extensão da Mesa, citamos as presenças do Sr. Algídio
Corbes, Diretor do Colégio Anchieta; do Prof. José Gomes de Campos, ex-Reitor
do IPA e ex-Professor do Colégio Americano; da Sra. Carolina Fulker, Diretora
da Federação das Faculdades Metodistas do Sul; do Sr. Luiz Carlos Giondar,
Presidente da Associação de Pais e Mestres do Colégio Americano; da Sra. Maria
Magali Santos, Presidente da Associação dos Professores do Colégio Americano;
da Pastora Elsa Zencker; do Sr. Zélio Lubianca, Vice-Presidente da Associação
dos ex-Alunos do IPA; e do Sr. Pedro Paulo Campos, Presidente da Associação de
ex-Alunos do IPA.
Concedemos a palavra ao Ver. Nereu D'Ávila, que fala pela Bancada do
PDT.
O SR. NEREU D'ÁVILA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Ao homenagear um
século e dez anos, ou seja, 110 anos do Colégio Americano, deve-se analisar a
inserção deste Colégio no contexto daquela que é a mantenedora de um
dispositivo educacional que vai além do Colégio Americano, que é a Igreja Metodista.
Neste contexto, poder-se-ia dizer que a Igreja Metodista, a sua raiz, a
sua realidade de hoje está inserida no século XVI, quando, em 1517, Martinho
Lutero lançava, na Cidade de Luxemburgo, as noventa e cinco teses contestadoras
do conservadorismo da Igreja Católica Apostólica Romana da época, que, nos
séculos XVI e XVII, esteve no auge da sua fase de obscurantismo. Então, nas
noventa e cinco teses do Castelo de Wittenberg, Lutero dizia que Deus está
dentro de nós e combatia a venda das indulgências. A partir daí, desenvolveu-se
o Protestantismo, que Martinho Lutero lançou em 1517, e, através do
Protestantismo, chegamos à Igreja Metodista depois de várias tentativas,
inclusive passando pela Igreja Anglicana dos Estados Unidos. A Igreja Metodista
do Brasil, no seu dispositivo, além do religioso, inseriu-se na vocação
educacional.
Sexta-feira passada, numa festa feérica, magnífica, no alto do morro
milenar, adentraram no campo do Instituto Porto Alegre - o IPA - os cinco
colégios metodistas para dar abertura à 63ª Olimpíada dos Colégios Metodistas
do Rio Grande do Sul, ou seja, IE, Instituto Educacional de Passo Fundo, o
União de Uruguaiana, o Colégio Centenário de Santa Maria e, aqui, o IPA e o
Americano. Dois femininos, o Centenário e o Americano, e três masculinos. Esta
é a Igreja Metodista do Rio Grande do Sul, e aí se insere o Americano.
Então, como o meu colega proponente dessa Sessão dos 110 anos de
homenagem ao Colégio Americano, o ilustre Ver. Edi Morelli, já historiou os
pródromos dos 110 anos do Americano, ainda se pode ampliar a sua fala dizendo
que, dentro das questões pedagógicas que estão mais afetadas ao ensino, através
do Ministério de Educação e Cultura, da Secretaria de Educação e Cultura dos
Estados e Municípios, poder-se-ia dizer que, mais do que uma proposta
pedagógica e educacional, os colégios metodistas e principalmente o nosso
homenageado de hoje, o Colégio Americano, com 110 anos, é uma proposta
filosófica de orientação e feitura das personalidades que por lá passaram,
assim como pelo nosso IPA.
A nossa homenagem fica além de todas as gerações que fizeram os seus
conhecimentos científicos e educacionais durante essa longa trajetória de 110
anos, e poder-se-ia dizer que estaríamos falando absolutamente a verdade
porque, além da instrução através da proposta de uma filosofia religiosa,
educacional, além da proposta educacional, o Colégio Americano também tem uma
proposta de vida, uma proposta de amplitude da instrução para a verdadeira
educação. Por isso, Diretora Thais, do Colégio Americano, e Diretor Geral do
IPA e Americano, Prof. Antenor, está de parabéns o corpo docente e o corpo
discente dessa fenomenal escola que, ao longo desses 110 anos, nada fez do que
gerar mulheres inteiras, personalidades completas, que, muito mais do que uma
proposta pedagógica, foi uma proposta da verdadeira dimensão da personalidade
humana.
Portanto, a Cidade de Porto Alegre, hoje, está de parabéns, porque aqui
estão os seus representantes, porque souberam contar, no galardão dos
homenageados de honra da Cidade de Porto Alegre, 110 anos de luta e de formação
de gerações absolutamente completas para o mundo aí fora. Parabéns a todos.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver.
Henrique Fontana, que fala em nome de sua Bancada, o PT.
O SR. HENRIQUE FONTANA: Exmo. Sr. Presidente da
Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. Ferronato, demais autoridades já
nominadas que fazem parte da Mesa, Senhoras e Senhores, começo cumprimentando a
todos e me justificando previamente, porque tenho um compromisso e vou
retirar-me tão logo participe desta solenidade, após falar em nome de meu
partido. Tenho uma reunião às 16h na Prefeitura de Porto Alegre.
Sinto-me feliz por comemorar os 110 anos de uma escola e sou chamado,
em nome da minha bancada, a fazer uma reflexão, já que temos dois assuntos
fundamentais que se encontram no momento desta solenidade de homenagem: um é a
educação, e o outro, a política - já que nos encontramos numa casa política, a
Câmara Municipal dos Vereadores. Ligo esses dois assuntos, como, aliás, todos
os que compõem as relações humanas, que são indissociáveis, para fazer essa
breve reflexão.
Daqui a alguns dias, todos nós - e, quem sabe, algumas pessoas aqui
presentes -, ao entrar nesta Casa Legislativa, seremos chamados à reflexão do
papel das instituições políticas e legislativas deste País e vamos questionar a
crise de credibilidade das representações políticas dos Legislativos, dos
Executivos e de outros poderes constituídos. É verdade. Existe, de fato, uma
crise de credibilidade, um questionamento profundo da sociedade, que, em grande
parte, não acredita que a democracia e a representação política possam
encontrar solução para os desafios desses anos que vivemos. Mas, ao lado da
crise da representação política, é preciso avaliar profundamente a crise da
sociedade e, dentro desta, avaliar a crise da educação, que é outro assunto que
nos chama à reflexão hoje à tarde. É
preciso que se diga, senhoras e senhores, que uma população que não consegue
desenvolver um dos patrimônios fundamentais que o ser humano, potencialmente,
pode desenvolver, que é o senso crítico, a capacidade de ler, analisar,
acompanhar os fatos, acompanhar os acontecimentos da sua sociedade, discernir
os diferentes interesses que movimentam esses acontecimentos, uma sociedade que
assiste a uma degradação da área da educação é uma sociedade que não pode
escolher outra coisa que não seja a crise da representação política que ela
vive. Porque nós não podemos é aceitar, num momento, talvez, de pouca reflexão,
que a causa dos problemas da sociedade brasileira poderiam ser as dificuldades
de qualidade da sua representação política. É exatamente o oposto, senhoras e
senhores: é a crise da sociedade brasileira que assiste, ao longo de muitos anos,
dificuldades crescentes na área da educação e que permite que a
"cara" da sua representação... Porque a representação política tem a
"cara" da sociedade, e não o oposto. Não é a sociedade que tem a
"cara" da representação política. E uma sociedade como a nossa, ao
longo de anos, termina relegando a um segundo plano, senão a um terceiro,
porque a prioridade da educação e da saúde - para pegar outra área que é muito
cara - sempre são prioridades nos discursos, mas não se transformam em
prioridades na vida concreta da cidadania e do cotidiano do nosso País, do
nosso Estado e da nossa Cidade.
Então, parabenizo o Colégio Americano, que, ao longo de 110 anos,
seguramente tem contribuído para proporcionar à nossa coletividade um número
cada vez maior de pessoas que têm, sim, esse senso crítico indispensável para
construir a sociedade que todos nós sonhamos, a sociedade que garanta a
igualdade de oportunidade a todos os seus filhos, que garanta o respeito
fundamental a toda criatura humana, respeito este que não é uma conquista da
nossa sociedade atual, e sim uma luta que temos que empreender e estamos
empreendendo.
Ao Colégio Americano os parabéns da Bancada do PT. Meus cumprimentos
pessoais, e que fique, para todos nós, a reflexão de que, enquanto nós não
mantivermos um sistema educacional que garanta a mesma qualidade, a igualdade
de oportunidades para todos os filhos desta terra, que possam refletir
criticamente sobre a sociedade que constroem cotidianamente, fica o nosso
chamado e o nosso convite para que lutemos juntos para conquistar o dia em que
todos nós tenhamos esse direito de ter acesso a uma visão crítica sobre a
sociedade que construímos diariamente.
Parabéns a todos e que o dia de amanhã seja sempre melhor que o de
hoje. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a
palavra para falar em nome do PPR.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes). Eu confesso que
havia preparado um discurso, mas boa parte dele o Ver. Edi Morelli me tomou e
eu não vou ser repetitivo. Mas vou fazer uma pergunta: cento e dez anos é muito
ou pouco tempo? E é uma pergunta que eu, às vezes, penso que é fácil de
responder; outras acho que é muito difícil, porque, se eu contar o tempo
oficial, é fácil, mas, se eu contar o tempo da memória, se torna mais difícil.
Nós, por exemplo, se pegarmos uma menina que quer completar quinze anos para
fazer seu "debut", nunca chega essa data dos quinze anos; um menino
que quer sua carteira de motorista nunca chega os dezoito anos. Mas uma
criatura humana chegar aos 110 anos é uma raridade. E à instituição-escola os
110 anos também não são fáceis; aos 110 anos ela é diferente da criatura
humana. Ela tem muito mais força, é muito mais vigorosa, muito mais vibrante,
muito mais experiente, muito mais capaz. E 110 anos, no dia 19 de outubro,
teremos 40,178 dias. É muito, é pouco? Eu não sei. O que importa é a memória.
Foi trazido que Carmem Chacon e João da Costa Correa, no dia 19 de
outubro de 1885, iniciaram o que viria a ser o Colégio Americano, na Dr.
Flores. Depois vieram mais duas unidades, uma na Riachuelo e outra na Ramiro
Barcelos. Depois somaram as duas unidades e fundaram o Colégio Americano. Após
foi para a Av. Independência, e hoje está onde está para alegria de todos nós,
fazendo a realização daquilo que compete a uma escola.
Volto a perguntar se o tempo é importante, se é possível que se defina,
como é que se mede, se é só pelo relógio ou se é por tudo aquilo que as pessoas
puderam fazer, e aí volto a Carmem Chacon. Ela faleceu há quase noventa anos e
estamos falando dela. Ela não viveu 21 anos; ela chegou aos vinte anos, esteve
em Porto Alegre apenas por quatro anos e nós não a esquecemos, não esquecemos
por aquilo tudo que ela nos ensinou e que mostrou que é sempre atual, que não
envelhece. Educar é ensinar a viver. Essa frase nunca vai envelhecer. Todos os
dias ela há de ser atual, presente, necessária e indispensável. É por isso que,
quando o Colégio Americano completa 110 anos, cumprimento a Direção do Colégio,
os professores, os alunos, os ex-alunos, dizendo que nós desejamos que o
Colégio Americano continue educando, porque educar, como dizia Carmem Chacon, é
ensinar a viver. É preciso que se ensinem as pessoas a viver vivendo a comunidade,
vivendo a solidariedade, e viver com amor. Educar é ensinar a viver. Meus
cumprimentos. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está
com a palavra pela Bancada do PFL.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e os demais presentes.) Disse bem o
Ver. Nereu D'Ávila quando afirmou que homenagear o Colégio Americano é
homenagear a atividade educacional desenvolvida pela Igreja Metodista do Brasil
nas cinco escolas que, ao logo do tempo, mantem aqui no Rio Grande do Sul.
Eu, pessoalmente, tive, na minha infância, um contato direto com o
ensino professado por uma destas escolas, mais precisamente o Instituto União
lá, na distante Uruguaiana, onde, como interno, nos idos de 1953, aprendi, com
o saudoso Prof. Ramos Figueiredo, que à liberdade corresponde uma
responsabilidade. Hoje, integrando a representação política do povo de Porto
Alegre como integrante do Partido da Frente Liberal, partido que enfatiza a
liberdade como um dos objetivos a ser permanentemente perseguido, devo
reconhecer, com muita certeza e com toda a segurança, que foi em Uruguaiana, no
Instituto União, que comecei a entender o verdadeiro sentido do liberalismo,
entendendo a liberdade como algo que deve ser exercido com responsabilidade.
Lembro muito bem, Ver. João Dib, que, egresso de uma escola católica em
regime de internato, era, naquela escola, submetido a um processo
semiprisional, com muros de seis ou sete metros de altura. De repente, fui
colocado numa escola em que o muro que dividia a escola da rua não tinha mais
que 50cm de altura. Eu, um adolescente de treze anos, no primeiro ou segundo
dia, senti-me tentado a atravessar para o outro lado para gozar do sentimento
de liberdade de quem podia sair para a rua normalmente, como fazia qualquer
jovem, qualquer adolescente que não fosse interno. Qual não foi a minha
surpresa quando, ao tentar passar para o lado da liberdade, para o
livre-arbítrio e transitar pelas ruas da Cidade de Uruguaiana, fui estimulado
pelo próprio Prof. Jonas, que me disse que, se eu quisesse, eu poderia passar
para o outro lado do muro sem nenhuma conseqüência, sem nenhuma represália, sem
nenhum ato punitivo, já que o ato de permanecer ou não dentro do internato era
de minha responsabilidade e sobre ele eu teria que assumir.
Por isso, quando sou chamado a rememorar alguma coisa neste
pronunciamento em homenagem aos 110 anos do Colégio Americano, lembro dessas
lições que recebi dentro de uma escola irmã do Colégio Americano, colégio este
que vim a conhecer alguns anos depois, no final da década de 50 e início da
década de 60, quando estudante. Junto com o Ver. Nereu D'Ávila, participava do
movimento estudantil e, com freqüência, subíamos o morro, para ali, na sua
encosta, pararmos no Colégio Americano e obtermos a autorização dos dirigentes
do Conselho Escolar, um entendimento necessário para o desenvolvimento das
nossas atividades dentro da União Metropolitana de Estudantes Secundários de
Porto Alegre. A Profa. Rosita, então Presidente do Conselho Escolar, mais tarde
foi minha colega na Faculdade de Filosofia e também professora no Colégio
Americano. Tenho, enfim, vários fatos que me ligaram ao Colégio Americano e que
me foram apresentados numa seqüência natural que, ao logo de sua apresentação,
me impuseram o respeito, a admiração e a consciência de que ali em Petrópolis,
há muito tempo, desde o início, há 110 anos atrás, num outro ponto da Cidade de
Porto Alegre, se ministra o ensino da melhor qualidade, o que comprova que a
liberdade para educar deve ser assegurada a todos, independente de
circunstâncias religiosas, financeiras e sociais.
Ao Colégio Americano, a essa instituição metodista, ao Instituto
Educacional Metodista do Brasil, em nome do Partido da Frente Liberal, quero
apresentar a minha homenagem nos seus 110 anos de atividade, convencido de que
entidades como essa devem merecer, no contexto da Cidade, um lugar muito
especial para serem permanentemente homenageadas pelo que produziram para o
desenvolvimento da sociedade porto-alegrense, até porque, daquele tempo,
entendi que a liberdade com responsabilidade deve ser um objetivo a ser
perseguido. E hoje, com a responsabilidade de quem tem a liberdade de poder
falar neste momento, quero transferir aos atuais dirigentes do Colégio
Americano as minhas respeitosas homenagens e o reconhecimento de que aquilo que
foi o ideal preconizado pelo Prof. Correa, que veio de Montevidéu para o
Brasil, está sendo plenamente alcançado e o será, tenho certeza, pelos
professores que o sucedem, diretores que se sucedem no comando dessa
instituição e que sempre o fazem em nome da mesma liberdade com
responsabilidade, que eu aprendi em uma escola metodista. Muito obrigado.
(Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Registramos as presenças no
Plenário do Sr. João Paulo, Vice-Presidente do Conselho Diretor do IPA e MEC;
Prof. Hanziler, Diretor do Colégio Farroupilha; Profa. Beatriz, Diretora do
Conservatório de Música; e do nosso Ver. Geraldo de Matos Filho,
"Mazzaropi".
Concedemos a palavra à Profa Alba Salgado Belotto, Diretora Geral do
Instituto Metodista de Educação e Cultura.
A SRA. ALBA SALGADO BELOTTO: Exmo. Sr. Presidente da
Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. Airto Ferronato, componentes da Mesa,
Senhoras e Senhores.
(Lê.)
"Falar em nome de uma instituição de ensino de 110 anos não é
tarefa muito fácil: primeiro, porque corremos o perigo de fazer uma análise
linear da história; segundo, porque podemos cometer injustiças ao pontualizar
alguns atores do cenário histórico e esquecer outros - professores,
funcionários, alunos que fazem a escola hoje.
Antes, quero agradecer, em nome do Instituto Metodista de Educação e
Cultura, a homenagem que presta esta Casa ao Colégio Americano Agradecemos
também às autoridades e amigos a presença solidária a esta festa.
Na comemoração desta data, antes de revisitar a nossa história,
voltemos um pouco mais no tempo. Século XVIII, Inglaterra. Surge, com João
Wesley, o movimento metodista, em resposta aos problemas sociais de então. João
Wesley, religioso, mas também estudioso e educador, buscava unir a piedade, a
fé e o conhecimento com o objetivo de tirar o seu povo da ignorância e da
pobreza. Preocupou-se com a alfabetização, a educação formal e informal.
Publicou literatura popular com temas que iam desde a história da Inglaterra
até livros de medicina alternativa.
No Brasil, o Metodismo privilegiou a obra educativa. Frente ao
esgotamento da sociedade senhorial, a educação metodista visava a reforçar o
processo de modernização para o desenvolvimento do País. Era o ano de 1885.
Final de século. O império estremecia. A monarquia era questionada. O Rio
Grande do Sul era cenário de conflitos políticos e movimentos republicanos,
quando chegaram a Porto Alegre, vindos do Uruguai, João Correa, brasileiro, da
Cidade de Jaguarão, e Carmem Chacon, sua filha adotiva, enviados pela Missão
Metodista daquele País. Vinham com o propósito de estabelecer aqui o Metodismo
e, ao mesmo tempo, oferecer uma educação para a realidade do seu tempo. Em 19
de outubro é fundado o Colégio Evangélico Misto Número Um. O Partido Liberal e
o Partido Republicano brigam entre si. Passa-se da economia escravocrata para a
de assalariados, e a escola foi-se afirmando na sociedade. A visão do mundo da
época era de que o capitalismo emergente, objetivando a ascensão social,
promoveria as pessoas individualmente. Acreditava-se que, em se mudando as
pessoas, mudar-se-ia a sociedade. Era a maneira de se vislumbrar um mundo
melhor, um mundo mais moderno e justo.
O Colégio Evangélico Misto trazia consigo uma metodologia norte-
americana inovadora. Em 1900, assumem a Direção da escola missionários norte-
americanos enviados pela Igreja Metodista Episcopal do Sul dos Estados Unidos.
Objetivava uma educação liberal, a co-educação; transformava o método
repetitivo em intuitivo; valorizava o corpo através da novidade da ginástica e
do esporte; habilitava para a profissão, especialmente as mulheres, através da
escola normal.
Os educadores estrangeiros e nacionais deram grande contribuição para a
sociedade de seu tempo. A escola pioneira, de educação diferenciada, subsistia
aos fortes ventos. Sobrevive a duas grandes guerras, à ditadura de Getúlio
Vargas. Em 1945, é fundado o Conservatório de Música, que, em 1980, recebeu o
nome de seu fundador, o Maestro Léo Schneider.
O cenário político muda: Golpe de 64, Guerra Fria, repressão. A
sociedade que se esperava não surgiu. A escola se desenvolve dentro das
limitações impostas pelos governos militares. Surge a idéia de se criar um
curso superior. Cria-se o Instituto Metodista de Ensino Superior e, em 1978, é
autorizada a Faculdade de Nutrição e, em 1989, o Curso de Fonoaudiologia.
Revisitar o passado tem significado para entendermos o presente e
vislumbrarmos o futuro. A Escola tem-se pautado na vocação respondida conforme
os valores cristãos, sem marca proselitista, denominacional. O futuro é agora.
A sociedade está em transformação. Não há nada de novo quando falamos do
progresso científico e tecnológico, de internacionalização ou globalização do
espaço mundial, de urbanização, polarização entre ricos e pobres, novos espaços
de conhecimento. A comunidade européia considera que os últimos vinte anos
dobraram os nossos conhecimentos científicos relativamente à totalidade de
conhecimentos técnicos acumulados durante a história da humanidade. São muitos
os desafios para a educação hoje. Não basta a boa infra-estrutura que temos, um
bom corpo docente e uma adequada proposta curricular. Outras escolas também
cumprem estes requisitos. Para nós, a identidade metodista, o compromisso com a
vida, a cidadania, a liberdade é a ponte onde transitam, não sem conflitos, o
técnico, o científico, o tecnológico, o mercado, a modernidade, grupos humanos
de confessionalidades políticas e religiosas distintas, valores diferentes. Há que
resgatar sempre valores como o amor, a justiça, a liberdade, a paz. O amor que
nega a ação educacional manipuladora e massificadora, a justiça que questiona
as estruturas sociais injustas que afligem nosso povo e o marginaliza, a
liberdade que nega a opressão e o autoritarismo, a paz que nega a passividade e
desafia para um relacionamento com Deus e com o outro. São valores cristãos os
motivadores e sustentadores de nossas análises teóricas, de nossas práticas e
avaliações.
Entendemos que o conhecimento é de fundamental importância para que se
possa exercer a cidadania e promover a vida e rearticular a sociedade. A
contribuição que recebemos do passado e das experiências históricas é parte do
presente e do futuro. Em 110 anos, esta Escola vem construindo uma consciência
social, institucional e pessoal composta com a sociedade e segundo a missão de
Jesus Cristo. Esta é nossa utopia e nossa legitimidade. Muito obrigada."
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Citamos a presença no
Plenário do Sr. Bruno, representando o Sindicato das Escolas Particulares do
Estado do Rio Grande do Sul, e da Diretora Administrativa do Colégio Americano,
Profa. Lorena Guimarães.
A Profa. Eliane Thais Carvalho da Silva está com a palavra.
A SRA. ELIANE THAIS DA
SILVA: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.)
Nós, em primeiro lugar, queríamos agradecer esta homenagem que é prestada ao
Instituto Metodista, ao Colégio Americano, ao Conservatório de Música. Nos
sentimos em Casa neste momento.
(Lê.)
"Dezenove de outubro de 1995... um grande caminho percorrido.
Caminho entrecortado com guerras, inundações, catástrofes físicas, sociais,
políticas, econômicas...Grandes momentos, muitas lembranças. Uma história cheia
de beleza, de lutas, de acertos e erros. Uma história que acompanha a história
do Metodismo no Rio Grande do Sul.
Em março de 1885, chegava em Porto Alegre o Dr. João Correa,
acompanhado de sua família e de uma jovem professora chamada Carmem Chacon. Com
ele, inicia-se o trabalho metodista gaúcho e com ela o trabalho educacional do
Colégio Americano, chamado, então, de Colégio Evangélico Misto Número Um. Em 27
de setembro, 'firmavam-se as estacas da obra de Deus através da Igreja
Metodista em nosso Estado'; em 19 de outubro, vinte e dois dias após, com
apenas três alunos, tem início o trabalho do Colégio Americano. Dezenove de
outubro de 1995, 110 anos de educação e serviço, 110 anos de 'educar ensinando
a viver', 110 anos de compromisso com a vida.
Quantos homens, mulheres e crianças passaram por estes 110 anos? É
possível contá-los? É possível agradecer-lhes pelos anos de carinho,
competência, dedicação, por estes anos de trabalho, de colaboração, para que
chegássemos até aqui? Podemos tentar, relembrando todas estas vidas que por
aqui passaram, mas a melhor forma de homenageá-las é lutarmos para que esta
instituição, para que este Colégio, o Colégio Americano, de 110 anos, busque
cada vez mais colaborar para a formação de crianças, de jovens, preparando-os
para enfrentar a vida com fé, com esperança, com convicção do amor de Deus. É
proporcionando a todos os seus alunos, professores, funcionários, famílias,
enfim, a sua comunidade, um ambiente fraterno e solidário. E não é outra a
história de nossa escola de 110 anos - 'construída no distante ano de 1885,
seus fundamentos e seus ideais permaneceram porque foram assentados sobre a
rocha da fé e ligados com a argamassa do amor, que transcende a compreensão
humana e se fundamenta nos ensinamentos do Mestre.' Palavras ditas pelo ex-Reitor
do IMEC nas comemorações dos cem anos.
São muitas as bênçãos. O céu seria pequeno para contê-las, como diz
Nathanael Emmrich, em 'Gratidão':
'Anoiteceu... a lua abriu, silente,/sobre o veludo azul do céu
tranqüilo,/o parêntese de ouro do crescente./Eu quis encher o céu de outras
estrelas!/contei as bênçãos todas! Quis cobri-lo.../- e era pequeno o céu para
contê-las!’
Ainda temos o que fazer, mas, por tudo que já foi feito e por tudo que ainda poderemos realizar, dizemos como João Wesley. 'O melhor de tudo é que Deus tem estado conosco'."
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Como já havíamos registrado
no início desta Sessão Solene, a Profa. Iara Wortmann estava na Câmara
Municipal de Porto Alegre participando de uma exposição, junto à nossa Comissão
de Educação e Cultura, que se reúne às terças e quintas-feiras à tarde. Temos a
satisfação de contar com a presença da Exma. Sra. Secretária Estadual de
Educação aqui, na Mesa Diretora. Registramos a sua presença e agradecemos.
Por fim, ouviremos a apresentação dos alunos do Conservatório de Música
Léo Schneider, acompanhados pela Profa. Beatriz Sassen. Executarão as músicas
"Entrega o teu caminho a Deus", autor Léo Schneider;
"Rejoissanse", de Erlebach; "Para Rosmaiere", autor Léo
Schneider.
(Procede-se à execução das músicas.)
O SR. PRESIDENTE (Edi
Morelli):
Renovam-se a minha satisfação e a minha alegria como proponente dessa homenagem
aos 110 anos do Colégio Americano, porque, na qualidade de 2º Vice-Presidente
da Casa, me cabe a honra de encerrar essa Sessão Solene, uma vez que o
Presidente partiu para um outro compromisso. Então, se essa homenagem vai ficar
na memória de todos vocês - alunos, ex-alunos, professores, mães e pais de
alunos -, a mim também vai ficar muito gratificante. Meu prezado amigo
Mazzaropi, obrigado por essa deferência especial.
Antes de agradecer a presença de todos, quero dizer que nós vamos
quebrar o protocolo porque é uma Sessão festiva e acho que em festa não pode
haver muitas formalidades. Vamos encerrar cantando o Hino do Colégio Americano.
Antes, porém, quero agradecer a presença de todas as autoridades já
mencionadas, agradecer a presença de todos vocês e dizer, mais uma vez, da
felicidade que eu, particularmente, e esta Casa temos, no dia de hoje, em
homenagear os 110 anos do Colégio Americano. Muito obrigado.
Vamos, então, encerrar com a execução do Hino do Colégio Americano, de
autoria da Profa. Harriet Hofmann.
(Procede-se à execução do Hino.)
(Encerra-se a Sessão às 16h45min.)
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